SÁBADO DE ALELUIA (Paixão, Morte e Ressurreição da Medicina)

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(Texto de Dr. Pedro Girão, publicado no Facebook em 3 de Abril de 2021:
https://www.facebook.com/pedro.girao.96/posts/10226705741008644
NOTA IMPORTANTE:
 O Dr. Pedro Girão, à data da publicação deste post, não está associado à APSP).

Naquele tempo, durante a Grande Pandemia do início do séc. XXI, na época em que a Medicina foi elevada à categoria de Ciência Infalível e em que as Grandes Decisões do Mundo estavam nas mãos dos Médicos de Saúde Pública e de Cuidados Intensivos, a Enciclopédia Britânica definia “Medicina” em dois parágrafos. E neles usava 4 vezes a palavra “Ciência”, 4 vezes a palavra “Arte” e 4 vezes a palavra “Prática”, e usava todas essas palavras com igual Força, mas o povo ignorava a Verdade.

Naquele tempo as pessoas ouviam falar e acreditavam nas palavras dos Grandes Sábios (os Especialistas, os Comentadores, os Cientistas, os Médicos, os Jornalistas, os Políticos), e ignoravam o que estava escrito nos Livros. E o que estava escrito era que a Medicina não é uma Ciência Exacta, mas sim uma Prática que tem tanto de Ciência como de Arte. A Medicina é uma Ciência Aplicada ao Homem, onde a Incerteza e o Risco são constantes e imprevisíveis, e a Matemática comete nela Erros Extraordinários porque só funciona com Leis exactas, fixas e imutáveis. Mas as pessoas viviam nas trevas e ignoravam tudo isso.

Por causa da Ignorância, as pessoas estavam sujeitas à Manipulação dos Grandes Sábios. E não se apercebiam que os Confinamentos não eram Ciência, que as Medidas não eram Ciência, que os Testes não eram feitos com as regras da Ciência, que os Números e as Estatísticas não eram apresentados conforme a Ciência, que os Tratamentos não estavam aprovados pela Ciência, que a Repressão e o Policiamento não eram Ciência. Mas acreditavam em tudo o que lhes diziam, porque tinham Medo. E tinham Medo porque os Grandes Sábios tinham também, eles próprios, Medo – e o Medo é uma forma particular de Ignorância.

Naquele tempo, os Grandes Sábios não gostavam de admitir que a Medicina não era uma Ciência Exacta porque, para exercer essa Prática que tinha tanto de Ciência como de Arte, era necessária uma grande dose de Humanidade. E os Grandes Sábios e Cientistas desse tempo acreditavam apenas no Número, no Protocolo, na Regra, nas Evidências, e confiavam em tudo isso cegamente porque os seus corações eram duros e as suas mentes eram fechadas e porque tinham o Pavor do Outro e tinham o Desconhecimento do Humano e tinham o Horror à Alternativa. Tudo isto era assim, mas afirmavam outras coisas diferentes disto, enchendo a boca com palavras como Ciência, Morte, Evidências, Transmissibilidade, Emergência, Testagem, Exponencial e Erre-Tê porque se tinham tornado Peritos em Manipulação.

E durante muito tempo eles tiveram Medo em nome da Medicina, mentiram em nome da Medicina, deixaram de tratar doentes em nome da Medicina, olharam apenas para si próprios em nome da Medicina, insultaram e perseguiram os Defensores da Ciência em nome da Medicina. E criaram os Passaportes de Pureza Pandémica em nome da Medicina, e assassinaram a Ética e a Liberdade em nome da Medicina, e os seus estudos deixaram de ser por Dupla Ocultação e passaram a ser Totalmente Ocultos.

E então, numa Sexta-feira de Abril, a Medicina morreu.

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Mas, após a Terceira Vaga, os Defensores da Ciência, que sempre tinham acreditado na Ciência e na Arte da Prática da Medicina, continuaram a proclamar que ela estava viva. E muitos deles tiveram de se esconder atrás da Humanidade e da Sensatez, e recorreram à Natureza e invocaram a Sazonalidade, e todas elas lhes deram refúgio e guarida. E alguns deles foram presos e atirados aos Leões do Circo dos Media, mas estes nada lhes puderam fazer porque estavam paralisados pela Hipocrisia.

Então, muito lentamente, após a Terceira Vaga, a Medicina começou a ressuscitar como a Arte e a Ciência que sempre fora antes de ter sido morta pelas Ondas do Medo da Grande Pandemia. E cada vez mais pessoas e mais Médicos perceberam que cada Homem era diferente, e cada Doença era diferente em cada Homem, e cada Tratamento era diferente em cada Homem, e o Risco era mensurável mas inevitável em todas as circunstâncias, e a Morte era tão natural como a Vida, a Saúde ou o Acaso. Mas, até isso acontecer, muitas pessoas viveram ainda muito tempo na Infelicidade e no Pavor, obedientes, escravas e defensoras do que os Grandes Sábios proclamavam ser a Única Solução, porque um povo que anda muito tempo nas trevas acaba por tomar prazer de andar nas trevas.

E na Primavera da Páscoa da Medicina aos poucos fez-se Luz, e por fim as trevas do Medo desapareceram e a Vida continuou.


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Fotografia: Kevin Carden

(Texto de Dr. Pedro Girão, publicado no Facebook em 3 de Abril de 2021:
https://www.facebook.com/pedro.girao.96/posts/10226705741008644
NOTA IMPORTANTE:
 O Dr. Pedro Girão, à data da publicação deste post, não está associado à APSP).



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