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Aliança pela Saúde Portugal surge para discutir a estratégia e o caminho da saúde em Portugal e é um lugar aberto de discussão para todo o tipo de gestos, crenças onde a única estrutura intocável são os pilares da tolerância, educação, respeito e claro, curiosidade científica. O mundo em que acreditamos está em mutação e em evolução, sendo dinâmico e surpreendente. Não somos apenas médicos.

Queremos partilhar as nossas questões/dúvidas. 

Queremos partilhar e levantar questões sobre Covid 19 e a estratégia seguida e os resultados obtidos.

Agora que nos identificámos, comecemos pelo mais importante: os que estão doentes e suas famílias. Sabemos que existe uma realidade nova e única, nunca tantas pessoas, necessitaram de cuidados intensivos na mesma altura. É a realidade – não é uma verdade! Nunca o SNS foi tão colocado à prova de Norte a Sul – é uma realidade.

Há uma doença provocada por um vírus de nome Sars-Cov2 que veio viver com os humanos. É uma realidade. Como abordamos, como organizamos, como lemos a realidade deve ser um exercício de discussão livre. Não queremos nunca, que quem sofreu perdas irreparáveis, quem passou momentos difíceis, nos veja como um problema ou um apoucamento. Somos parte da exigência, da discussão, não somos o problema. 

A  aliança para a saúde Portugal é uma janela de observação do real e, consequentemente, uma entre várias, que observam a realidade que hoje nos altera a vida: a doença COVID 19 e as medidas escolhidas para lidar com a situação nos vários países do mundo.

E se não tivermos razão? O exercício de contraditório é um movimento natural e um dever das democracias e um orgulho para a discussão e a luz que dela deve sair.

Situações cientificamente indubitáveis de unanimidade absoluta são: a rotação da Terra, a órbita da Lua, a desumanidade do holocausto, a atribuição do prémio Nobel a Nelson Mandela. Tudo o resto é discutível. Há divindades? O eu existe? Nós somos o que pensamos ser? Os direitos e os deveres humanos são claros para todos?

Clément Rosset falou por diversas vezes da realidade e seus duplos, das verdades múltiplas que nunca consistem na realidade. O direito baseia os seus julgamentos na contextualização dos factos e, portanto, a primazia do real sobre a versão dos testemunhos.

Por isto não vamos desaparecer como Movimento aberto.

Neste Portugal é verdade que, por nada fazer, ninguém foi prejudicado. Neste país é verdade que o silêncio é como uma boia. Neste país é realidade que a impertinência e a crítica geram inimizades. A frontalidade é mesmo uma devassa, um delito difamatório. Devíamos nascer com um botão junto a uma orelha? O interruptor do silentium incarnatus? 

Os Médicos estão proibidos de pensar de forma clara e científica quando duvidam?

Que sonegação de contraditório, e que pós verdades são estas que impedem a dúvida metódica para fazer prevalecer a verdade dogmática, o discurso único?

Sejamos definitivamente claros e directos: A Ciência é um conhecimento especial, obtido de acordo com o método filosófico criado por Descartes.

Mas Ciência não significa verdade, porque pode haver múltiplas verdades, relativamente aos princípios de onde se parte. 

Nós seremos sempre a estratégia que visa impedir a unanimidade cega. Seremos sempre o décimo elemento que serve para a sociedade não caminhar guiada por uma lente míope, autocrática, opressiva e desumana.


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